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· Jun. 9, 2023 9min de leitura

TECNOLOGIAS INTERSYSTEMS E IOT COMO APOIO A MÉTRICAS E MONITORAMENTO DE TEMPERATURA EM REFRIGERADORES DE LABORATÓRIOS DE SAÚDE.

Durante a pandemia de Covid-19 tornou-se evidente a necessidade de transformação digital na área da saúde e muito foi questionado sobre como aperfeiçoar processos, melhorar gestão de recursos, modernizar e humanizar os atendimentos ao paciente.

Neste tópico abordaremos especificamente a gestão de medicamentos e vacinas, mais especificamente, a perda desses materiais.

De acordo com a Organização mundial de Saúde (OMS), no ano de 2020, pelo menos 25% de todas as vacinas chegaram degradadas aos cidadãos e 50% das vacinas distribuídas podem ser ineficazes, devido ao armazenamento incorreto e falha de refrigeração, entre outras questões de logística, que de modo geral estão relacionadas a baixa temperatura ideal para conservação. E essas perdas custam primordialmente a saúde da população e muito dinheiro.

O cenário pandêmico escancarou nossas necessidades na área da saúde, impulsionando investimentos em tecnologia e inovação. Hoje nosso cenário é favorável para integração do monitoramento da cadeia fria da saúde com IoT (Internet of Things).

 

OBJETIVO

Este artigo visa abordar conceitos e discussões sobre IoT como apoio a métricas e monitoria de temperatura em refrigeradores de laboratórios da saúde, tais como: Laboratórios de análises clínicas e farmacêuticos. Abordando tecnologias InterSystems e frisando seus benefícios.

 

DESENVOLVIMENTO

A cadeia fria se trata de um sistema de conservação, manuseio e transporte de produtos com temperatura controlada, dentro da logística de medicamentos e vacinas. Esse modelo é fundamental para garantir qualidade e integridade para o paciente que irá recebê-los.

A IoT abre um leque de possibilidades em nossas casas e cidades, a ideia é trazê-la para o laboratório, entregando uma monitoria IoT para aumentar o potencial de rastrear e restringir as temperaturas dentro desses ambientes controlados, contando com disparo de e-mails, SMS e push notifications. Podemos contar com a possibilidade de incorporar ferramentas de análise de dados a fim de auxiliar possíveis decisões sobre as alterações de temperatura ou identificar possíveis falhas no equipamento de refrigeração.

Em resumo, estaríamos aplicando a tecnologia InterSystems IRIS Data Platform ao desenvolver, executar e manter nossa aplicação para informar através de vários canais, tanto para consumir quanto para enviar dados. Com recursos de integração e analíticos e possuindo um banco de dados multimodelo transacional incorporado, a InterSystems IRIS também será fundamental para armazenar os dados necessários de modo seguro e eficiente.

A plataforma de integração de dados e sistemas, IRIS Interoperability, será nosso componente de mensageria usando o protocolo MQTT (Message Queuing Telemetry Transport) para os disparos de notificações citados anteriormente. O IntegratedML como recurso incorporado da plataforma IRIS InterSystems, escolhido para o gerenciamento dos dados coletados nos refrigeradores para possíveis tomadas de decisões para auxiliar a alteração de temperatura automaticamente quando necessário por meio de análise preditiva e para gerar insights para quando houver falhas nos equipamentos.

Abaixo segue a explicação de cada escolha e o porquê.

 

MQTT (Message Queuing Telemetry Transport)

É um protocolo de comunicação M2M (Machine to Machine) com foco em IoT que funciona em cima do protocolo TCP. Sua comunicação se baseia entre o cliente que pode realizar tanto postagens quanto captação de informação e o broker que administra os dados a serem recebidos e enviados. Para essa comunicação, usa-se um paradigma chamado publish-subscribe.

 

Por que MQTT e não outros protocolos?

Criado em 1999 pela IBM para ser usado no setor de petróleo e gás, o MQTT surgiu a partir da necessidade de um protocolo para largura de banda mínima e perda de bateria mínima para monitorar oleodutos via satélite, sendo, dessa forma, um recurso simples, de baixo consumo de dados e que possibilita uma comunicação bilateral.

Por que mensageria e não HTTP?

Para abordar esta questão é preciso iniciar apontando suas diferenças na arquitetura.

O HTTP funciona com um modelo cliente/servidor ou request-response, como exemplifica a figura abaixo, enquanto o MQTT funciona por meio de publicações e assinaturas de um tópico (publish-subscriber).

 

No MQTT a conexão é mantida e pings podem ser compartilhados para mantê-la aberta, já o HTTP cria uma conexão apenas quando uma solicitação necessita ser enviada.

E, por fim, é válido acrescentar que o HTTP mantém uma conexão TCP half-duplex (transmissões são realizadas nos dois sentidos da comunicação, mas alternadamente, nunca simultâneas) enquanto o MQTT mantém uma full-duplex (transmissões são simultâneas, um dispositivo pode transmitir informação ao mesmo tempo que a recebe), permitindo comunicações assíncronas entre os serviços para que os mesmos não esperem a resposta do serviço de recebimento, sendo um modelo necessário para mensageria.

Além das diferenças apontadas acima, a mensageria torna a aplicação escalável, visto que o modelo publish-subscriber oferece suporte à mudança de números de serviços.

Após essa breve explicação, podemos dizer que o MQTT é muito mais otimizado para esse cenário em comparação ao HTTP em taxa de transferência, consumo de bateria e largura de banda, tornando-se uma melhor opção para a maioria das aplicações IoT e sendo reconhecido como o padrão de mercado de mensageria nesse contexto.

O IRIS Interoperability, uma plataforma de integração de dados e sistemas, desempenha um papel fundamental como broker para este protocolo e no cenário descrito deste artigo. Ele permite que os dispositivos IOT publiquem mensagens em tópicos específicos, neste caso o tópico de monitoria de temperatura, e também que a aplicação faça um subscribe para receber as mensagens. O IRIS fornece extensões integradas para usar o MQTT.

 

InterSystems IntegratedML

O AutoML (Automated Machine Learning) é um recurso que surge como opção para o uso do ML (Machine Learning) para desenvolvedores com conhecimento em SQL, mas pouco ou nenhum em ML. Com ele é possível automatizar a criação, treinamento e implementação do aprendizado de máquina, a organização que opta por sua utilização pode poupar tempo e esforço significativos de sua equipe de cientistas de dados, visto que o AutoML abstrai os detalhes e conhecimentos especializados exigidos.

Certo! Mas onde entra o InterSystems IntegratedML?

IntegratedML (Integrated Machine Learning) se trata de um recurso integrado da plataforma de dados InterSystems IRIS que simplifica e fornece recursos AutoML, permitindo o uso de funções automatizadas diretamente do SQL para gerar e manusear modelos preditivos. Sua inclusão ao IRIS permite uma execução dinâmica, atuando em tempo real diretamente nos dados, sem extrair ou mover quaisquer modelos ou bases.

Para exemplificar sua funcionalidade, assume-se que, “no Brasil todo mês de janeiro é quente” e que teremos registros de aproximadamente três anos armazenados na base de dados, obtida por estações meteorológicas. É importante que para essa exemplificação tenhamos em mente que os dados foram preparados e estamos desconsiderando informações abrangentes como mudanças climáticas.

A partir dessa premissa, é necessário treinar nosso modelo para que, ao iniciar cada mês de janeiro, as temperaturas tendem a ser mais elevadas, portanto deve reduzir em 1°C (grau Celsius) a temperatura. Se a temperatura externa aumentar, demanda-se que o sistema de refrigeração seja acionado, resfriando o ambiente interno, mantendo temperaturas indicadas pelos fabricantes e mantendo a integridade dos insumos ali armazenados. Junto ao IRIS, o IntegratedML “automatiza o trabalho básico, como identificar os modelos mais apropriados, definir parâmetros e construir e treinar modelos” e permite melhorias contínuas dos modelos de ML.

O objetivo aqui é criar e implantar modelos de aprendizagem de máquina com um menor esforço, no sentido de não precisar de especialistas para começar aplicar as funcionalidades necessárias de ML, complementar o trabalho do time e dedicar tempo a melhorias e suporte à aplicação e análises. Após a preparação dos dados e criação do modelo, o IntegratedML será responsável por gerenciar os dados coletados dos refrigeradores para auxiliar às possíveis tomadas de decisões, assim como, após o treinamento do modelo, deve ser capaz de ajustar a temperatura de forma automática quando necessário, por meio de análise preditiva, além de gerar insights em caso de falhas nos equipamentos.

 

A seguir, apresentamos uma imagem ilustrativa da nossa arquitetura e onde o IntegratedML, IRIS Interoperability e o MQTT estão sendo aplicados.

 

CONCLUSÃO

Mesmo tendo outras soluções disponíveis no mercado, há muitas razões pelas quais aplicar tecnologias InterSystems ao IoT podem ser benéficas. A InterSystems é reconhecida na área da saúde, principalmente pelos produtos InterSystems IRIS for Health e o InterSystems TrakCare, e oferece recursos robustos de integração, permitindo conexão e comunicação eficiente entre diferentes sistemas e dispositivos, flexibilidade, escalabilidade, conformidade. A sua interoperabilidade pode simplificar a implantação e gerenciamento de um sistema abrangente.

É interessante ressaltar que a mesma lógica pode ser aplicada em outros segmentos além dos laboratórios de saúde, como os refrigeradores industriais. Porém, aplicando regras de ML específicas para o uso industrial.

 

 

REFERÊNCIAS

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Acesso em 29 de maio de 2023.

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